quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

UM TERRENO FÉRTIL PARA A DECADÊNCIA

Agitação e fumaça preenchiam aquele fragmento específico da praia ao Sul de Sergovia. Prostitutas e vagabundos vindos de diversas cidades costeiras – cuja nacionalidade nenhuma nação reivindicaria –, trajados de acordo com a moda entre os piratas, sentavam-se em almofadas e tendas espalhadas pelo grande espaço fumarento. Mulheres de longas e torneadas pernas dançavam para piratas de rostos esguios, que davam risadas de todos os tons. Cheiro de vinho, cerveja e suor misturando-se; Este era o sabor da fumaça de um lugar sórdido, em uma época de profunda decadência. Apesar disso, atraente como a última festa antes do último dia do mundo.


A noite era iluminada por fogueiras que cuspiam fumaça na direção do céu estrelado. Cabanas de madeira e couro se espalhavam pela areia azulada, que se tornava mais escura na margem até desaparecer na negridão do mar. Ferdrugo estava desajeitadamente sentado em almofadas encardidas na entrada de sua cabana, com uma ânfora na mão que pendia sobre uma das coxas. Seu bigode estava besuntado e seu peito melado pelo vinho que escorria pelo queixo a cada golada desjeitosa. Ao lado do Zíngaro de feições brutais, Zafar perdia o olhar numa figura curiosa; Um garoto que, isolado de todo o vozerio, amolava solitariamente a lâmina de sua espada com uma pedra, sentado na areia. O Shemita esbarrou no braço de Ferdrugo para chamar-lhe a atenção.

-Quem é o garoto?

-O garoto é um dos melhores espadachins desta praia... _Ferdrugo sufocou um arroto. -Ele é capaz de fazer você ou qualquer um de seus amigos sangrar feito um porco.

-Tão jovem? Eu duvido! _Arcadio, que ouvira a conversa, se aproximou e sentou-se ao lado ao lado do homem truculento. -Nem pelos no rosto aquele garoto tem.

-Já matou dois e feriu mais de cinco, desde que o encontramos. Seu braço se faz necessário ao nosso lado. _Arcadio salientou desdem em seu semblante, e então observou o garoto ao longe, coberto por um manto e alheio a tudo que o cercava, fixado apenas na lâmina de sua arma.

-Aquele braço fino? Me admira aguentar o peso de uma espada. _Quase bêbado, o nobre se livrou de seu cantil vazio, jogando-o próximo a suas coisas, amontoadas dentro de uma barraca fronteiriça. Zafar se admirara ao finalmente ver cores em seu melhor amigo. Estranhamente, sentia falta daquele ego desmedido, que muitas vezes os colocaram em perigos potencialmente mortais.

-Ele terá a chance de lhe mostrar. Tenho certeza que expressará com a espada mais do que posso com palavras. _ A mão de Arcadio, instintivamente, pousou na empunhadura de sua espada, que repousava dentro da bainha.

-Teremos luta essa noite, então? _ Esboçou um convincente sorriso.

-Somos piratas de Sergovia e estamos celebrando, garoto. De nada vale ter a barriga cheia de vinho, se não houver sangue no chão. Mas fique tranquilo, não haverá morte. Hoje não é dia pra isso... _Arcadio apenas conservou o sorriso expressivo de outrora, observando a confusão acalorada que o cercava. A praia era um aglomerado de estranhos bêbados, composto do mais variado sortimento de nacionalidades que se podia imaginar. Era como se algum deus louco tivesse pegado uma concha, metido num jarro repleto de tipos étnicos misturados e derramado ali, naquela praia barulhenta. Quase tudo que o mundo organizado era capaz de sustentar em termos de vadios, estava reunido ali.

-Estou realmente gostando de Sergovia. _Suspirou o nobre de Attasia.
Foto: Matheus Marraschi

UM TERRENO FÉRTIL PARA A DECADÊNCIA
Tema: http://goo.gl/2MhQuc

Agitação e fumaça preenchiam aquele fragmento específico da praia ao Sul de Sergovia. Prostitutas e vagabundos vindos de diversas cidades costeiras – cuja nacionalidade nenhuma nação reivindicaria –, trajados de acordo com a moda entre os piratas, sentavam-se em almofadas e tendas espalhadas pelo grande espaço fumarento. Mulheres de longas e torneadas pernas dançavam para piratas de rostos esguios, que davam risadas de todos os tons. Cheiro de vinho, cerveja e suor misturando-se; Este era o sabor da fumaça de um lugar sórdido, em uma época de profunda decadência. Apesar disso, atraente como a última festa antes do último dia do mundo.

A noite era iluminada por fogueiras que cuspiam fumaça na direção do céu estrelado. Cabanas de madeira e couro se espalhavam pela areia azulada, que se tornava mais escura na margem até desaparecer na negridão do mar. Ferdrugo estava desajeitadamente sentado em almofadas encardidas na entrada de sua cabana, com uma ânfora na mão que pendia sobre uma das coxas. Seu bigode estava besuntado e seu peito melado pelo vinho que escorria pelo queixo a cada golada desjeitosa. Ao lado do Zíngaro de feições brutais, Zafar perdia o olhar numa figura curiosa; Um garoto que, isolado de todo o vozerio, amolava solitariamente a lâmina de sua espada com uma pedra, sentado na areia. O Shemita esbarrou no braço de Ferdrugo para chamar-lhe a atenção.

-Quem é o garoto?

-O garoto é um dos melhores espadachins desta praia... _Ferdrugo sufocou um arroto. -Ele é capaz de fazer você ou qualquer um de seus amigos sangrar feito um porco.

-Tão jovem? Eu duvido! _Arcadio, que ouvira a conversa, se aproximou e sentou-se ao lado ao lado do homem truculento. -Nem pelos no rosto aquele garoto tem.

-Já matou dois e feriu mais de cinco, desde que o encontramos. Seu braço se faz necessário ao nosso lado. _Arcadio salientou desdem em seu semblante, e então observou o garoto ao longe, coberto por um manto e alheio a tudo que o cercava, fixado apenas na lâmina de sua arma.

-Aquele braço fino? Me admira aguentar o peso de uma espada. _Quase bêbado, o nobre se livrou de seu cantil vazio, jogando-o próximo a suas coisas, amontoadas dentro de uma barraca fronteiriça. Zafar se admirara ao finalmente ver cores em seu melhor amigo. Estranhamente, sentia falta daquele ego desmedido, que muitas vezes os colocaram em perigos potencialmente mortais.

-Ele terá a chance de lhe mostrar. Tenho certeza que expressará com a espada mais do que posso com palavras. _ A mão de Arcadio, instintivamente, pousou na empunhadura de sua espada, que repousava dentro da bainha.

-Teremos luta essa noite, então? _ Esboçou um convincente sorriso.

-Somos piratas de Sergovia e estamos celebrando, garoto. De nada vale ter a barriga cheia de vinho, se não houver sangue no chão. Mas fique tranquilo, não haverá morte. Hoje não é dia pra isso... _Arcadio apenas conservou o sorriso expressivo de outrora, observando a confusão acalorada que o cercava. A praia era um aglomerado de estranhos bêbados, composto do mais variado sortimento de nacionalidades que se podia imaginar. Era como se algum deus louco tivesse pegado uma concha, metido num jarro repleto de tipos étnicos misturados e derramado ali, naquela praia barulhenta. Quase tudo que o mundo organizado era capaz de sustentar em termos de vadios, estava reunido ali.

-Estou realmente gostando de Sergovia. _Suspirou o nobre de Attasia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário