sexta-feira, 20 de junho de 2014

A Trombeta dos Desesperados

Cena da minha campanha de Conan RPG. Aconteceu há algumas sessões atrás, mas recordar é viver!

Furtivamente, Arcadio aproveitou que a paliçada se conectava a torre, para ganhar um acesso às escadas de madeira em seu interior e seguir até o topo. O som ensurdecedor dos tambores de guerra e dos gritos agonizantes de soldados e bárbaros abafaram seus passos, o que fez com que os dois Pictos, que se estabeleciam na torre, sequer o percebessem. Os corpos dos desafortunados soldados que ali vigiavam, estavam jogados ao chão com as gargantas cortadas de orelha a orelha. A trombeta estava ao lado do corpo de um dos soldados, e ela precisava ser soada, para que o reforço de cem homens que aguardava em uma comunidade de madeireiros a 200 metros do Forte pudesse chegar. Este era o sinal que eles esperavam...

O oficial não perdeu tempo e, rapidamente, atravessou com sua espada o corpo nu de um dos bárbaros em um golpe covarde desferido por trás. Quando o Picto tombou sem vida, o outro, cuja única vestimenta era uma tanga de couro animal, sacou duas machadinhas de osso presas em sua cintura e pulou aos gritos contra Arcadio. Rápido e ágil como uma pantera, o bárbaro anulou a esgrima precisa do nobre, fincando uma de suas machadinhas em seu ombro esquerdo. Antes mesmo que Arcadio pudesse aproveitar a distância encurtada, o nativo abaixou-se e fincou-lhe a outra machadinha em sua coxa, quase ao mesmo tempo em que removeu a primeira do seu ombro, dando espaço para que o sangue corresse pelo braço.

Com o ombro e a coxa ardilosamente feridos, Arcadio usou seu último fôlego para fazer a finta perfeita, provocando um deslize na movimentação do bárbaro. O momento foi primorosamente aproveitado, e a lâmina da espada longa precisa em um corte feito no ventre do inimigo, um corte que, por tão profundo, lhe expôs as tripas. No entanto, aquecido pelo calor da batalha, o bárbaro continuou em combate, utilizando apenas uma de suas machadinhas. A outra fora atirada ao chão, para que sua mão livre pudesse pressionar seus intestinos dentro do seu corpo.

Cansado, ferido e desestabilizado pela vontade de seu inimigo, o oficial do Forte Thandara apenas caminhava para trás, enquanto o Picto se aproximava com uma mão no ventre e a outra balançando a primitiva machadinha pelo ar, tentando caçar o pescoço desprotegido do oficial. Quase na beirada da torre, Arcadio teria caído, se o zunido de uma flecha aliada não tivesse anunciado sua salvação. Zafar, diretamente do campo de batalha, atirou uma flecha certeira no alto daquela torre, impactando-a no peito do nativo que, sem forças caminhou para trás, caindo do alto da torre e se espatifando no chão de terra batida do outro lado da paliçada. Arcadio correu e agarrou-se a trombeta, mas não a soprou ainda, afinal, jamais conseguiriam ouvi-la a 200 metros do Forte, se os tambores de guerra, tocados por seus inimigos em frenesi, não fossem cessados..

Sentou-se na torre ao lado dos cadáveres, e apenas rezou a Mitra, pedindo que o deixasse viver para soar o pedido desesperado de ajuda, quando os arqueiros da paliçada conseguissem anular o som dos tambores. Se é que eles também viveriam para isso...

Nenhum comentário:

Postar um comentário