O oficial não perdeu tempo e, rapidamente, atravessou com sua espada o corpo nu de um dos bárbaros em um golpe covarde desferido por trás. Quando o Picto tombou sem vida, o outro, cuja única vestimenta era uma tanga de couro animal, sacou duas machadinhas de osso presas em sua cintura e pulou aos gritos contra Arcadio. Rápido e ágil como uma pantera, o bárbaro anulou a esgrima precisa do nobre, fincando uma de suas machadinhas em seu ombro esquerdo. Antes mesmo que Arcadio pudesse aproveitar a distância encurtada, o nativo abaixou-se e fincou-lhe a outra machadinha em sua coxa, quase ao mesmo tempo em que removeu a primeira do seu ombro, dando espaço para que o sangue corresse pelo braço.
Com o ombro e a coxa ardilosamente feridos, Arcadio usou seu último fôlego para fazer a finta perfeita, provocando um deslize na movimentação do bárbaro. O momento foi primorosamente aproveitado, e a lâmina da espada longa precisa em um corte feito no ventre do inimigo, um corte que, por tão profundo, lhe expôs as tripas. No entanto, aquecido pelo calor da batalha, o bárbaro continuou em combate, utilizando apenas uma de suas machadinhas. A outra fora atirada ao chão, para que sua mão livre pudesse pressionar seus intestinos dentro do seu corpo.
Cansado, ferido e desestabilizado pela vontade de seu inimigo, o oficial do Forte Thandara apenas caminhava para trás, enquanto o Picto se aproximava com uma mão no ventre e a outra balançando a primitiva machadinha pelo ar, tentando caçar o pescoço desprotegido do oficial. Quase na beirada da torre, Arcadio teria caído, se o zunido de uma flecha aliada não tivesse anunciado sua salvação. Zafar, diretamente do campo de batalha, atirou uma flecha certeira no alto daquela torre, impactando-a no peito do nativo que, sem forças caminhou para trás, caindo do alto da torre e se espatifando no chão de terra batida do outro lado da paliçada. Arcadio correu e agarrou-se a trombeta, mas não a soprou ainda, afinal, jamais conseguiriam ouvi-la a 200 metros do Forte, se os tambores de guerra, tocados por seus inimigos em frenesi, não fossem cessados..
Sentou-se na torre ao lado dos cadáveres, e apenas rezou a Mitra, pedindo que o deixasse viver para soar o pedido desesperado de ajuda, quando os arqueiros da paliçada conseguissem anular o som dos tambores. Se é que eles também viveriam para isso...
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