O sol chegara ao horizonte no Mar do Oeste e descia lentamente, parecendo um enorme escudo querendo varar o oceano. O horizonte era uma linha límpida ao longe, sem nuvens. O sol já tinha quase sumido e a luz desaparecera do céu, derramando-se no oeste, deixando um manto azul-escuro pontilhado de estrelas. Nessa hora, os marujos costumam acompanhar sua descida até o fim. Sempre deslumbrados com a beleza dos tons vermelhos nas ondas tingidas de azul.
Ao longe, na pouca luz que esmaecia, pássaros mergulhavam e circulavam sobre o mar; pequenos pontos prateados no céu. Para os pescadores, um forte sinal de que algum cardume estava passando naquele ponto. As pequenas aves circulavam incansavelmente a seis ou sete metros acima do mar, cabeças abaixadas, asas esticadas, até que os olhos aguçados divisavam algum brilho entre as colinas de água.
O Caveira Vermelha avançava entre grandes ondas; os piratas ficavam olhando para as muralhas de água por todos os lados, encostas em movimento, alegremente iluminadas pela lua que se elevava e o sol que ainda insistia em espiar sobre a borda do mundo, parecendo negar a força terrível que havia por baixo. Nas cristas, podiam contemplar o mar por quilômetros ao redor, as espumas brancas no alto de cada onda. Para leste, quase na linha do horizonte, podiam divisar os contornos da costa zíngara.
As ondas estavam vindo do oeste, uma depois da outra, como gigantescos soldados azulados marchando contra a costa e morrendo frente a cavalaria dos recifes.
Afastado dos marujos – homens fortes, tisnados pelo sol, com expressões brutais –, sem disposição para frivolidades, estava um homem alto e bronzeado, de cabelos negros, sobrancelhas espessas, um grande bigode que pendia no queixo e feições angulosas, em pé sobre o tombadilho; Ivanos, o Flagelo dos Mares, guiava sua tripulação degenerada para mais uma frutífera pilhagem em rotas Argosseanas. Com uma reputação construída sobre uma pilha de mortos, o capitão domava as ondas vermelhas, resoluto em seu império flutuante.
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