sexta-feira, 23 de maio de 2014

Hamelin "O Mestre dos Fantoches"

[Alan Rodrigues]

Quando eu ainda morava no Rio Grande do Sul, narrava uma campanha que infelizmente não consegui concluir (embora ainda pense nela frequentemente) e um dos jogadores conduziu com Maestria um dos Melhores Bardos que já tive a oportunidade de testemunhar, e hoje vou compartilhar a História desse personagem e a ficha dele, de quando paramos de jogar:


"Quando sentei para começar a escrever este livro/diário pensei muito em como começa-lo. Brinquei algumas vezes com pena e pergaminho, comecei-o com “era uma vez” como começavam as poucas histórias que ouvi em minha conturbada infância nos arredores de Djent, tentei com “houve um tempo”, pensei em desenhar algo, mas, como sou péssimo com desenhos desisti logo. Enfim, decidi por começar apresentando o livro. É um modo estranho de se iniciar uma história, mas, aí está. Este livro é um livro/diário sobre a vida de um Bardo muito esperto, belíssimo, muito bem dotado e mentiroso.
Sim, eu irei mentir muito neste livro, porque foi a mentira que me manteve vivo para escrevê-lo. Eu vou inventar cenas que não presenciei, mas que, imagino ter ocorrido, vou escrever sobre cada canto obscuro da história por trás das cortinas como se tivesse vivenciado, vou preencher cada diálogo que não ouvi, cada batalha que não participei e vou escrever sobre tudo isso do modo mais heroico e maravilhoso que puder. Porque este livro também conta a história de heróis.
O mais divertido de tudo é que, conforme escrevo este livro eu também o vivo. Porque não sei onde vai terminar a história, não sei dizer a qual final ela me levará, ou levará aos outros que também participam dela.
No fim das contas esse livro é um diário de minha vida, de minhas aventuras e desventuras ao lado de um grupo poderoso, heroico e atrapalhado. Vida essa que ainda vivo e espero viver ao menos para terminar de escrever.
Se você estiver lendo este livro, ou esta nota e tiver encontrado os papéis boiando no mar, perdidos dentro de uma caverna, ou no estômago da criatura que acabou de enfrentar, por favor, continue este livro. Invente uma história para terminá-lo com a minha morte. E que seja uma morte heroica!"

- Do diário de Hamelin.

Eu odeio Bardos...
É estranho, eu sei, mas é muito sério. Durante toda minha vida os bardos foram um problema. Tudo bem que eu sou um Bardo, mas, eu não trago tantos problemas para mim quanto os outros bardos sempre trouxeram.
Os problemas com Bardos começaram em uma noite de uma data já há muito esquecida, em Faros, cidadezinha próxima de Jent – que também é uma cidadezinha – mas bem maior que Faros.
Faros é uma cidade pequena que tira seu maior sustento de algumas poucas fazendas controladas por nobres que nem pertencem àquela cidade e de um porto mal feito cujo cais é tão ruim de atracar que poucos navios realmente vão até aquele fim de mundo. Por isso, Faros quase nunca recebia figuras celebres, como nobres, cavaleiros, reis ou princesas. O máximo que recebia era Bardos. E, ainda assim, uma vez por primavera. O que fazia a visita de tais personagens deixar a cidade em polvorosa.
Naquela noite resolvi quebrar as regras impostas por meus pais. Eu era um menino de não mais de 12 anos e as regras impostas por meus pais não eram muito explicitas. Eles falaram que eu não deveria descer as escadas da taverna-estalagem e trancaram a porta. Mas, esqueceram-se de dizer que eu também não deveria descer a janela do quarto e saltar do telhado para a carroça de feno do taverneiro.
Quando abri as portas para entrar na taverna novamente quase fui pisoteado. Um mar de pessoas entrava e saia a todo instante, os homens, vestidos com tudo quanto é tipo de roupa de plebeu traziam consigo copos com bebidas malcheirosas, pedaços de carne de algum carneiro infeliz que fora feito especialmente para aquela noite e – por vezes – carregavam também prostitutas de roupas gritantes, com todo tipo de enfeite ridículo que prostitutas baratas utilizam para chamar a clientela. Uma dessas prostitutas me deu um olhar bravo enquanto levava palmadas na bunda de um senhor grande com um olho vazado e bigode espesso que gritava algo como “anda-lhe anda-lhe” enquanto a arrastava para um beco escuro ao lado da taverna. Ela estava com parte da cocha esquerda e da nádega desnudas porque seu vestido estava rasgado, então era possível ver as marcas vermelhas que as palmadas deixavam em sua bunda. Mas, não era por isso que ela estava brava. Era porque eu tinha desobedecido-a e – provavelmente – porque eu não deveria ver minha mãe naquela cena.
De qualquer forma, eu sempre fui um menino esperto e já sabia que a comida que comíamos dia sim, dia não, não provinha de nenhuma lavoura que meu pai mentia ter fora da cidade, nem tampouco do árduo serviço de garçonete que minha mãe dizia ter. Ao menos ela não mentia tanto, podia não ser uma garçonete, mas seu serviço parecia ser realmente árduo.
Em meio aos meus pensamentos sobre a cena que acabara de ver, nem percebi que havia sido empurrado pelo vai e vem de pessoas para dentro do inferno que era aquela taverna, naquela noite. Além dos cheiros corriqueiros de álcool, carne assada, axilas suadas e latrina suja, também havia um certo perfume diferente no ar, um cheiro que se tornava quase nauseabundo quando em conjunto com os outros. Ele vinha de quatro garotas muito bonitas (se comparadas às outras da aldeia), vestidas com vestidos de seda branca com pigmentos de cores espalhados que as contrastava com o resto do cenário e as fazia parecerem pavões em um circo de horrores. Descobri depois que eram dançarinas. E onde há dançarinas há Bardos.
Bramius era seu nome.
E foi ele quem deu inicio a essa história toda.
Depois de um show mediano, de ter cantado metade das mulheres na taverna e provocado - pelo menos - quatro confusões o tal bardo enfadonho convidou sete pessoas para um jogo de cartas. Este jogo era famoso na região, primeiro porque envolvia muitas moedas de prata e até algumas de ouro em suas apostas e segundo porque era proibido em todo o reino.
Obviamente eu não teria nada haver com esse jogo e - provavelmente - não odiaria tanto esse bardo, caso ele não tivesse convidado meu pai e caso meu pai não houvesse perdido uma quantia mais alta do que podíamos pagar.
Duas noites, foi o prazo estabelecido para o pagamento da "singela" dívida de vinte e cinco moedas de ouro e oito moedas de prata que meu pai devia a um dos perigosos jogadores. Duas noites, foi o prazo que tivemos para tentar uma fuga desesperada, que deu errado quando um dos grandalhões que secretamente observavam meu pai dia e noite deu o alarme e metade dos becos da cidade resolveu que já era hora de matar meu pai e sua família.
Para falar a verdade é difícil lembrar bem o que ocorreu naquele quarto quando os assassinos invadiram. Lembro-me do miado alto de um gato assustado, de minha mãe me entregando um colar que era sua maior herança, algo quebrando a janela, muitos gritos, minha mãe caindo com a têmpora aberta depois que um homem gigante entrou com um taco nas mãos, alguém perguntando ao meu pai onde estava seu filho e então lembro de minha fuga.
Corri até a janela e utilizei a mesma rota que havia aprendido a usar com maestria. Pulei da janela para a carroça de feno do taverneiro e corri. Corri como somente alguém que foge da morte corre, ainda que não entendesse bem o que acontecia e não tivesse ao menos planejado para onde iria, eu corri! E obviamente, eles correram atrás.
Essa corrida toda me levou até o único local da cidade que não possuía uma saída. O cais. Então lá estava eu, um garoto assustado de 12 anos segurando um colar que parecia de ouro, fugindo de capangas que tinham pelo menos o triplo do meu tamanho e idade e sem saída. E é nesses momentos em que você geralmente faz merda. Sendo assim, pulei na água fria do mar.
Acordei sabe-se lá deuses quanto tempo depois. Estava enjoado, deitado em cima de tábuas de madeira suja que balançavam de um lado para o outro, haviam quatro homens me olhando e discutindo o que deveriam fazer comigo.
Dois deles, altos, magros e com dentes podres diziam que deveriam me devolver ao mar, que eu pertencia aos peixes e que por isso havia sido pescado na rede junto com eles. Um outro achava que eu era de família rica, porque segurava um colar de ouro e que provavelmente poderiam pedir algum resgate por mim. O último, usava um tapa-olho e um chapéu enfeitado com uma pena e desenhos macabros decidiu por fim que precisava de alguém para limpar os porões e que eu deveria ser prisioneiro deles.
Assim, passei sete anos de minha vida como prisioneiro em um navio pirata chamado "Bucaneiro dos Corais". Até hoje juro que nunca entendi o porque deste nome, mas o capitão - bêbado - certa noite me confessou que o navio não era dele quando o nome foi colocado. Foi nesse navio que aprendi a divertir as pessoas, eu era fraco demais para lutar e fazer parte dos assaltos então, durante as festas, sobrava para mim animar os marujos. Não da forma pejorativa como vocês estão imaginando, mas com canto e música improvisada nos péssimos instrumentos que os piratas possuíam.
Na noite que completei dezenove anos, e agora já fazendo parte do navio e tripulação, recebi pela primeira vez minha parte em um saque. Obviamente com segundas intenções, já que eu era o músico do navio, o capitão me presenteou com uma lira que - segundo ele - estava bem guardada em um cofre de um navio mercante que fora atacado recentemente por nós. Era uma lira comum, e até parecia em mal estado, ao menos até que eu começasse a tocar.
A maldita lira produzia efeitos estranhos conforme tocava suas notas. Certa vez, durante uma apresentação, quando comecei a tocar ocorreu uma briga generalizada em meio ao rum.
Não demorou muito para que a má-sorte do navio fosse colocada sobre as minhas costas e fui declarado culpado por ela e por toda bruxaria que ocorria no mundo. Na primeira oportunidade fui jogado em uma ilha que servia como ancoradouro de piratas e alguns - poucos, corajosos e mal informados - navios mercantes.
Dali para frente minha vida mudou e me tornei, oficialmente, aquilo que eu mais odiava. Um bardo. Não um bardo qualquer desses que chega na sua cidade e mata sua família por causa de um jogo de cartas, mas um verdadeiro artista. Daqueles que conseguem fazer os olhos do público brilhar, as crianças dançar e as mulheres engravidar, e que depois some, como todo bom bardo o faz.
Não sou motivado pela ganância, apesar de muitos acreditarem nisso, pois gosto do luxo, também nunca fui motivado pela vingança contra aquele que assassinou minha família, de certa forma, agora que conheço o mundo vejo que se fosse me vingar de cada assassino que existe passaria a vida toda esfaqueando alguém, tampouco existo pelo prazer de fazer os outros felizes como muitos artistas mentem por aí. Não há como dizer com melhor palavra o que me faz ir para frente se não curiosidade. Conhecer o mundo é o sonho que conquisto a cada dia.
E eu realmente duvido que você não tenha acreditado em mim em cada palavra que escrevi dessa bela história. Mesmo que nem metade dela seja de fato, a verdade!

Hamelin, “O Mestre dos Fantoches”
Meio-Elfo Bardo de 6° Nível/Lirista Dracônico de 4° Nível
Força: 13+1
Destreza: 20+5
Constituição: 15+2
Inteligência: 17+3
Sabedoria: 15+2
Carisma: 23+6

PVs: 92
CA: 15, Toque 15, Surpresa 10 (10 +5 [Destreza])

Fortitude: +5
Reflexos: +14
Vontade: +11

Perícias
Acrobacia +13
Adestrar Animais +19
Arte da Fuga +12
Arte da Magia +12
Atuar (Dança) +14
Atuar (Canto) +14
Atuar (Cordas) +19
Atuar (Percussão) +19
Atuar (Flauta) +14
Atuar (Teatro) +14
Blefar +25
Desabilitar Dispositivo +11
Diplomacia +14
Disfarçar +15
Percepção +10
Prestidigitação +14
Sentir Motivação +10
Usar Instrumento Mágico +18

Magias Conhecidas de Bardo
Pontos de Magia: 49

0- Detectar Magia, Som fantasma, Mãos Mágicas, Prestidigitação, Invocar Instrumento.

1- Enfeitiçar Pessoa, Sono, Ventriloquismo, Animar Cordas, Recuo Acelerado

2- Alterar-se, Sugestão, Invisibilidade, Heroísmo, Reflexos.

3- Enfeitiçar Monstro, Velocidade, Esculpir Sons, Loquacidade.

4- Dominar Pessoa, Invisibilidade Maior.

Pertences: Lira das Maravilhas, Tambor de Fogo, Luneta, Espada-flauta, Arco das Eras (Reforçado +5), Tocha (3), Pederneira e Isqueiro, Adaga, Corda de cânhamo (15 m) com arpéu, Mochila, Cantil, Saco de dormir, Saco de couro, Roupa para frio, 5 rações de viagem, 2 Frascos 500 ml de óleo.

Lira das Maravilhas: Lira mágica encontrada por Hamelin quando estava preso em um navio pirata. Quando tocada da forma certa é capaz de produzir aleatoriamente uma magia de 1° a 9° círculo. O problema é que nunca se sabe se será uma magia benéfica ou catastrófica, tendo colocado Hamelin e seu grupo em situações de perigo ou constrangimento várias vezes. Como, por exemplo, durante um show aberto à cidade inteira quando ela enviou um dos seres mais queridos da cidade de volta para o plano de onde havia vindo. A origem da Lira ainda é desconhecida.

Tambor de Fogo: Tambor mágico que reproduz sons vulcânicos quando tocado, foi dado a Hamelin por um clérigo mal em troca de uma missão que quase levou a morte do grupo inteiro. Se ativado da forma correta é capaz de invocar um elemental do fogo. O tamanho e nível do elemental dependem de um teste de atuação (Percussão). Até hoje não se sabe bem qual o poder máximo do tambor.

Espada-Flauta: Dada a Hamelin como presente dos anões das montanhas quando seu grupo os ajudou a combater e vencer os Duergar's . Até hoje ele nunca descobriu seu verdadeiro poder, mas é fato que ela produz belos sons quando tocada.

Arco das Eras: Item que pertencia ao Halfling arqueiro do grupo que veio a falecer em uma armadilha. É um presente dos anões também, trata-se de um Arco longo Composto Reforçado (se adapta a força do usuário).

Talentos Escolhidos:
Canção do coração (Song of Heart), Foco em Perícia (Blefar), Impostor (Descrito no livro de Tormenta para D&D 3.5 - Piratas e Pistoleiros), Canção Dracônica, Canção da Mordida (Song of Bite).
Talentos Recebidos por interpretação/campanha:
Artista.
Habilidades de Classe:
Bardo: Conhecimento de Bardo, Música de Bardo 34 rodadas/dia (Inspirar Coragem, Contracanção, Fascinar, Distração, Inspirar Competência, Sugestão), Truques, Bem versado, Performance Versátil (Dança - Acrobacia, Percussão - Adestrar Animais, Canto - Sentir Motivação ), Mestre do Conhecimento (1x/dia).
Lirista Dracônico: Canção Dracônica Maior até 4x/dia (Canção da Força, Canção da Compulsão, Canção de voo).

Além do roleplay sensacional, em combate, pode-se dizer que era sim:

Grupo antes das Canções do Bardo/Grupo DEPOIS das Canções do Bardo. Eles viravam maquinas de destruição.

Um abraço galera! Comentem, perguntem, critiquem, mas por favor, participem!~






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