sábado, 12 de julho de 2014

OS CAMPOS DOURADOS DE POITAIN

Ceninha da sessão de ontem para hoje. O Roleplay rendeu na madrugada!

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OS CAMPOS DOURADOS DE POITAIN
Tema: http://migre.me/kpWj2

O sol avermelhado do fim da tarde, que lutava para cortar as nuvens carregadas de inverno, já estava prestes a se resguardar atrás dos montes que delineavam o horizonte. Seu extenso brilho banhava intensamente o vasto campo, cuja grama pálida parecia o absorver, reluzindo de forma vívida. Elen e Akuji manifestavam um sorriso evidente, enquanto viravam as cabeças, para observar o grande deserto dourado, que se alongava por todos os lados. Tão abismados com a tamanha grandiosidade daquele lugar, demoraram a notar que Balthus não partilhava de tanto entusiasmo. O soldado, montado em seu cavalo cansado, apenas seguia de forma lenta, fitando os montes distantes. Akuji, que percebera a aflição do amigo, colocou lentamente seu cavalo ao lado, e quebrou o leve som do vento que soprava na grama, com sua voz grave e tímida.



-Está bem, meu amigo?

-Não tanto quanto gostaria. _Por mais que, assim como seus companheiros, nunca tivesse estado ali antes, aquele lugar trazia lembranças tristes para o soldado.

Akuji apenas se calou, encarando-o. Balthus o conhecia bem, sabia que ele não iria além nas perguntas, por mais que fosse de sua vontade saber as respostas. Portanto, deixou que o silêncio se tornasse breve, para então prosseguir...

-Quando era um garoto, e recebia aulas de escrita no templo de Mitra, em Hystria, eu cheguei a ter bons momentos com meu pai. Por mais duro e cruel que possa ter sido, ele me concedeu um dos meus maiores tesouros, minha fé. Todas as escolhas que fiz na vida, inclusive te libertar, eu fiz me apoiando nas palavras de Mitra. Elas me forjaram, Akuji. Me fizeram quem sou...

-Então? _Akuji não conteve sua curiosidade.

-Durante esse período, ele sempre me falou destes campos. Sua beleza, seu perfume e sua força que resiste aos séculos. A maior prova de que nosso senhor existe e vigia nossos passos. Este lugar foi descrito a mim como um pedaço do paraíso para o qual serei enviado, ao fim de meu tempo. E eu o visitei tantas vezes em meus sonhos, que até o cheiro me é familiar. Meu pai me trazer aqui um dia; Dizia que estes campos sobreviveriam às guerras, e que me traria aqui, para conhecer os moldes perfeitos, feitos pelas mãos de Mitra... _Balthus se calou por um tempo, e então prosseguiu. –E eu estou aqui, mas não ao lado de meu pai, e sim fugindo dele.

O silêncio novamente se instaurou, até ser quebrado por Elen
.
-Bem ou mal, ele lhe trouxe aqui. _Intrometeu-se a jovem, ironizando o fato de que os três só estavam percorrendo aquelas terras, para fugir dos soldados do Comandante Dion, pai de Balthus.

Balthus esboçou um leve sorriso entreolhando seus companheiros. Akuji, de cima de seu cavalo, bateu firme no ombro do soldado e o apertou, como um sinal de respeito a sua dor.

-Se acredita realmente na existência de seu Deus, meu amigo, não deixe que seus problemas se coloquem sobre suas costas em um momento como este.

Apoiando-se nas palavras de seus companheiros, para tentar se erguer, Balthus agradeceu a ambos, não só pelo que disseram, mas por estarem ao seu lado. Os três continuaram a guiar suas montarias rumo ao sol, que refulgia sobre a vasta planície; as mais belas daquela grande província, que acabariam por ceder lugar as mais nefastas. Um imenso campo infértil e degradado pela morte, que contrastava com aquele paraíso perdido, se escondia atrás dos montes longínquos.

(...)

NOTA: Os campos dourados de Poitain, também conhecido como campos sagrados, é uma das maiores belezas da província, ou talvez da inteira Aquilonia. Reza a lenda que Epemitreus, o antigo profeta de Mitra, abençoou aqueles vastos campos durante seu tempo, e que isso os tornaram belos e férteis por toda a eternidade. No entanto, aquela beleza natural também trouxe desgraça, pois acabou se tornando o principal motivo de uma guerra que quase dilacerou aquelas terras. Os campos foram reclamados como território Zíngaro há algumas décadas atrás, e uma guerra campal teve início, onde a Zíngara, mesmo com a vitória, acabou abrindo mão das terras. Os belos campos férteis foram divididos - O trecho sul, onde a guerra se instaurou, ficou conhecido como o canto dos crânios, marcando a fronteira norte da Zíngara. Enquanto o trecho norte, intocado pela guerra, preserva sua beleza, que fora poupada pelo avanço Zíngaro.

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