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Elen sentiu todo o seu sangue congelar. Sua ansiedade havia se transformado em um verdadeiro horror, quando, finalmente, aquele que era chamado pelos acólitos, surgiu de dentro poço. A criatura, um pouco maior do que um ser humano adulto e grande, possuía uma forma humanoide, com a cabeça similar a de um peixe e grandes olhos sem pálpebras. Possuía barbatanas ao redor do pescoço, e dedos longos e pegajosos. Sua cor era cinza-esverdeada, com a barriga branca, pele escorregadia e reluzente, como a de um anfíbio, além uma corcunda que se projetava em escamas. Desajeitadamente, o ser se apoiou sobre as patas dianteiras no chão, deixando metade de seu corpo submerso na água escura do poço. Seus olhos refulgiam a tocha segurada por Antillio.
O ancião pegou em sua mão trêmula.
-Não tema, minha querida... Se aproxime. Os manuscritos de Amon nomeiam esse ser como "Profundo". Segundo as escrituras, eles não são nativos deste mundo, mas vieram para cá há muitos e muitos anos, quando nossos antepassados ainda andavam curvados. Vieram atendendo ao chamado de nosso senhor, e permaneceram nas profundezas de nossos oceanos todo esse tempo, aguardando o momento de seu retorno. _Antillio voltou o olhar pra criatura, e começou a puxar Elen, caminhando na direção da mesma. -Consegue conceber, querida? Eles conhecem todos os segredos que os desastres mais enfáticos de nossa história tentaram afundar. Segredos que precedem até mesmo o cataclismo que tragou Atlantida para as profundezas. _Elen conseguia ver a luminosidade da tocha delineando as rugas do velho, por trás de um capuz negro.
Assustada, Elen se aproximou lentamente e tocou a cabeça da criatura. A jovem fora acometida por uma mistura de sentimentos e sensações, que não podiam ser explicada com palavras. O intenso desejo sexual e uma repulsa que beirava o nojo. Seu corpo se arrepiou, mas, ao mesmo tempo, se retraiu em náuseas. Mais do que as sensações físicas, sua psiquê viajou para uma amálgama exótica de realidades. Sua mente vagou para uma grande planície pedregosa, por onde homens similares a símios caminhavam em caravanas nômades; vagou para as cúpulas douradas de uma próspera metrópole; vagou para as ruínas de uma cidade negra e submersa; vagou em uma visão quase panorâmica do esplendoroso oceano ocidental, onde a lua era refletida em suas águas. Não, aquilo não era a lua... Era um olho! Um grande olho que observava submerso. Brumas densas pairavam seu pensamento, que por tão intenso e carregado de informações, resultou numa dor latejante em sua cabeça. O nariz de Elen sangrou, e ela beirou o desmaio. Antillio a segurou antes que a jovem tombasse no chão, e a criatura retornou lentamente para o poço, apoiando seus dedos pegajosos nas pedras.
-A levarei de volta para a torre, minha jovem. Sua mente já drenou informação demais por hoje... _Antillio a ajudou a ficar de pé, e juntos caminharam pelo corredor escuro, que levava até as escadas.
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