terça-feira, 27 de maio de 2014

Sobre Máscaras e Rosas

Pessoal, aqui na mesa em que eu narro, os personagens iam entrar em um baile de máscaras e matar uma família de nobres que sacanearam uma das personagens (de acordo com o background dela). Eu narro ao estilo "caixa de areia", deixo os PJs totalmente livres, mas não passíveis de consequências.

Baseado na expectativa, escrevi um epílogo para o fim dessa sessão e o li, para ser a cereja do bolo.


Trilha Sonora:

Longe dali, não saberei dizer ao certo, um velho esguio e de barba farta sentava-se sobre uma rocha e fitava ao longe as ondas quebrando nos rochedos abaixo. Era o sinal de mais um verão que se aproximava, de um ano incerto e que não fazia diferença para o presente.

Uma dezena de crianças pequenas se aproximava de mãos dadas. Cruzavam os campos de trigo e flores. Marcharam até o ancião e sentaram-se em torno da rocha. O velho pôs fim a contemplação e coçou a barba; então, apontou para a cidade e disse:

“- Vejam. O povo a trabalhar e a cultivar. Anos ininterruptos e dedicados ao cultivo do brasão da cidade. Uma cama vermelha como o fogo e macia como os braços de uma mãe. Mas saibam que lá, onde aqueles poucos se escondem, um dos maiores eventos da cidade ocorreu. E como bem me lembro, não é uma história de nobreza, piedade e valentia, mas sim uma epopeia da sordidez, impunidade e vingança.

Naquela noite, os cocheiros deixavam seus senhores e aguardavam pacientemente nos arredores. As damas, cada qual com seu melhor e mais requintado vestido, exibindo suas jóias e soberbas, trajando mascaras. Algumas de veludo, outras de laca, porcelana, ou cetim; mas todas essas sobre máscaras ocultavam aquela que jamais era removida – a máscara de carne. Os homens adentravam os salões com ar intimidador, procurando os amigos para impor e exibir suas posses e seus acordos. Embora estivessem elegantemente vestidos, a indumentária era inferior ao status que estufavam ao peito, e mesmo com máscaras, o veneno saltava das vistas e dos lábios para dentro dos cálices.

Em meio a tormenta da soberba, os gaviões descuidaram-se e prata, que não era da casa, participou da festividade. Como estranhos em um ninho, “eles” se mesclaram. Alguns com dificuldades e outros de maneira sublime. Beberam das ânforas, degustaram das iguarias e blefaram como bufões.

Naquela noite, a Casa Endeavour se fazia presente e eram os anfitriões. Todos iam até eles, ter, bajular ou o que quer que fosse. Alguns casais bailavam, outros flertavam e alguns estavam em termos de negociação, mas todos embalados por uma orquestra, a qual, esse velho que vos fala, fazia parte. Em um dado momento, eu fazia um contraponto com meu piano e com o bandônion, e foi nesse momento que as rosas se abriram.

Gritos mudos eram abafados pela nossa harmonia, mesmo quando tínhamos parado com ela. O luzir do metal trespassava vestidos, carne e ossos. As tapeçarias encharcadas e a nobreza ao chão, borrifando vida. Os cálices tombavam, bem como os corpos que a pouco os empunhavam. Soldados presentes digladiavam na tentativa de proteger seus lordes, mas os ofensores, apesar de poucos, não eram medíocres. Pela primeira vez em minha vida, eu vi e testemunhei o fraquejar das rosas azuis, vi o terror em seus olhos enquanto os algozes golpeavam e fitavam através de suas máscaras, e por fim, nenhum deles sangrava o azul que clamavam.

Após isso, a cena perdeu o sentido e minhas memórias perpetuaram-se incertas. Um luto que durou meses abateu-se sobre Záfira, mas o povo, secretamente sorria e se questionava sobre o futuro da cidade, embora nada disso ofusque a pergunta que ainda permeia os ossos da Rosa Vermelha: Quem eram ou quem foram aqueles? Quem dançou a dança da morte? Quais eram os rostos por detrás das Máscaras da Morte Rubra?”

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