Na estalagem das sete velas, Elen acorda cedo, mas não para tomar o desjejum. A jovem passa pelo estalajadeiro, e segue para ajudar Zelia a picar os legumes da refeição diária (o homem a observa ajudando, e resolve não se meter). A jovem Zelia é uma menina bem humorada e falante. Ela não consegue conter sua boca nem por um minuto. Enquanto Elen a auxilia na cozinha da estalagem, a garota comenta sobre diversos assuntos mundanos, que passam despercebido por Elen, cujo corpo estava lá na cozinha, mas a mente em outro lugar...
Elen teve um misterioso sonho nesse último mês em que passou em Culario (Poitain). Nesse sonho, ela ouvia a voz de um homem a chamando. Uma voz leve, porém imponente. Elen seguia a voz no sonho, mas não chegava a lugar algum. Ao acordar, a jovem estava prestes a descer pela escada da estalagem em que passara a fatídica noite. Pode parecer loucura, mas o corpo de Elen realmente seguiu a voz que a chamava em seus sonhos. Pode não ter passado de um sonho, mas Elen se pega pensando frequentemente nisso.
...
Na mansão, Arcadio acordou cedo e foi de encontro a Temístio no salão principal. O jovem pediu ao seu tutor que ele avisasse aos demais sobre um conselho de ultima hora, pois teve ideias na noite anterior, enquanto tentava pegar no sono. O ancião prometeu avisar a todos, mas pelas costas de seu pai, afinal, Valenso não permite conselhos enquanto ele está no Condado. Após isso, Arcadio partiu da mansão para a primeira ala.
Sua primeira parada foi na estalagem das sete velas, onde reencontrou Elen para levá-la até o anfiteatro (lá, Bartolo organizava o ultimo dia de ensaio). Arcadio e jovem Elen foram recebidos no grande anfiteatro por Bartolo, que pediu para assistir a performance da jovem, antes de confirmá-la como abertura do evento. Ficou combinado que, naquela noite, nas sete velas, Elen se apresentaria, não só para entreter os beberrões, como também como um teste para Bartolo, que estaria lá assistindo.
Elen foi deixada novamente na estalagem, e Arcadio foi para sua última parada, a fornalha de Adolphus. Uma grande fornalha aberta, cuja uma chaminé soprava uma forte fumaça que impregnava parte da rua. Adolphus era conhecido por fabricar os melhores pães de Attasia. Arcadio encomendou 250 pães para o dia seguinte, pagando o equivalente a 20 moedas. Após isso, a manhã cheia se encerrou para o filho do Conde, e ele finalmente se viu retornando para a mansão.
...
Um pouco mais cedo, em uma das feiras da primeira ala, Zafar comprava frutas para o desjejum de Antillio (a pedido do próprio). O Shemita observou um breve burburinho que rapidamente evoluiu para uma confusão. Um plebeu tentava agredir um mercante pelo alto preço de suas quinquilharias, enquanto os que tentavam apartar a confusão, gritavam, amaldiçoando o Conde Valenso.
"Não briguem entre si, meus irmãos. Pois o responsável por isso está na mansão, deitado em nossas moedas".
Preocupado com o bem estar de Arcadio, Zafar mal percebeu os dois "prisioneiros" que eram escoltados pelos soldados, entrando no portão principal (Akuji e Balthus). Na volta para a mansão, Zafar deixou as frutas sobre a mesa, e já estava prestes a sair novamente, quando fora mais uma vez parado por Antillio, que agradeceu pelas frutas e pediu outro favor. O velho pediu que Zafar fizesse um convite em seu nome a Elen, para que o encontrasse em seus aposentos no fim daquela tarde. Ele confessou ter espionado a jovem pelos jardins, quando a mesma atravessou os campos da mansão ao lado de Arcadio.
Concebendo esse desejo como um tanto depravado, Zafar acatou o pedido do ancião, e se ofendeu após receber duas moedas de prata pelo mesmo (afinal, não era um mercenário). Antes que Zafar deixasse a mansão novamente, Antillio lhe pediu discrição total sobre este aviso.
Ainda naquela manhã, o Shemita encontrou Arcadio, o alertou sobre os burburinhos, e sobre o estranho pedido de Antillio.
"Vejo que Antillio lhe deu duas moedas. Use uma para se alimentar, a outra, use para arrancar as informações de Elen a respeito desse encontro. Acredito que isso não passe de depravações, mas vai servir para testarmos a lealdade dela.". Disse Arcadio no inicio daquela tarde fresca.
ATO 11 - OS RECÉM-CHEGADOS DO NORTE
No posto militar, atrás da terceira ala de Attasia, os prisioneiros, Akuji e Balthus, foram estranhamente bem tratados pelos soldados. Em qualquer outro lugar da Zíngara, seriam presos ou escravizados, mas esta não era uma conduta adotada pelo Conde Valenso. Comeram pães e beberam água em cuícas de madeira. Grato pela hospitalidade e temendo não encontrar outro lugar onde seria tão bem aceito, Balthus ofereceu lealdade perante os soldados do posto, com o intuito de ser recrutado. O recrutamento requer algo maior do que um simples juramente, portanto, este não foi concedido ainda, e suas armas foram confiscadas.
Ambos foram liberados e procuraram uma estalagem ao lado de Tarasco, o soldado que os levou até lá. Tarasco prometeu a Balthus tentar fazer com que o Comandante Galbro o conhecesse e, então, os recrutasse. Tarasco os viu nas montanhas, e sabe que a excepcionalidade daqueles dois homens em combate poderia suprir a necessidade que Attasia precisa, no que se diz respeito a patrulha nas montanhas de hispan. Balthus e Akuji chegam a sete velas, onde pedem uma farta refeição. Akuji é alvo de olhares de desaprovação, o racismo é estampado na face dos Zíngaros, e isso o incomoda.
Estavam quase no fim da refeição, quando Zafar adentrou a estalagem e se juntou a eles. O Shemita tinha o intuito de encontrar Elen (que estava locada no andar de cima), ms parou para uma breve refeição. A conversa fora breve, mas Zafar os recebeu bem, pedindo que Akuji se acalmasse quanto ao racismo estampado nos semblantes dos Attasianos. Akuji não falava o idioma de Zafar, no entanto, Balthus atuou como porta-voz, falando no lugar de seu companheiro. Ao fim da conversa, Zafar subiu as escadas na busca por Elen, enquanto Balthus e Akuji pagavam ao estalajadeiro pela refeição.
ATO 12 - EU SEI O SEU SEGREDO!
A beleza estonteante e a excepcional habilidade com as palavras que Elen possuia, chamaram a atenção do filho do Conde e, pelo visto, também de Antillio. A boa conversa entre Elen e Antilio já havia durado mais de uma hora. A jovem havia se arrumado imediatamente após receber a mensagem enviada por Zafar. As investidas e frequentes elogios de Antillio coravam as bochechas de Elen, que retrucava sempre enaltecendo a gentileza do ancião.
Com mais de 70 primaveras, Antillio é um homem recluso. Costuma a acreditar no poder das palavras, portanto, poucos são os viventes do condado que, sequer, tiveram a oportunidade de ouvir sua voz. Uma doença que contraiu há poucos anos atrás, vem comprometendo seu movimento aos poucos. Isso era nitidamente percebido por Elen, que não conseguia disfarçar o olhar ao notar as mãos trêmulas do ancião. No entanto, naquele fatídico fim de tarde, palavras não faltavam para Antillio. Faceto e articulado, o ancião apresentava a bela jovem, que tomava chá a sua frente, uma face sua que poucos conheciam.
Aposentos de Antillio
O belo aposento era decorado com tapeçarias e almofadas luxuosas, aromatizado com incensos estrategicamente posicionados. Uma grande janela ao lado da mesa, dava para o jardim da mansão senhorial. O chá de erva doce já estava frio dentro do bule, e o céu rubro anunciava que o sol logo daria lugar a lua. Mesmo sem saber as reais intenções de Antillio em convidá-la, Elen não queria se estender, tinha medo de retornar para a estalagem durante a noite. A jovem pedia licença para se retirar após agradecer pelo generoso fim de tarde, quando Antillio segurou seu pulso e a manteve sentada...
-Se acalme, minha jovem. De fato, atuei por uns meses na capital, e poucas eram as cortesãs cuja beleza se equiparava a sua. Sua presença trouxe cores para este aposento preto e branco, mas não se engane. Não a convidei aqui só pra isso.
-Desta forma o senhor me ofende! _respondia Elen com um olhar desaprovação.
-Perdão? Se acalme, minha jovem. _Antillio esboçou um convincente sorriso. -Não é o que está pensando, eu nem funciono mais como antigamente...
Elen apenas conservou seu olhar focado nos olhos do ancião.
-Saiba, querida, que possui capacidades privilegiadas. Capacidades que ninguém neste condado possui. Agora, suas intenções por aqui ainda são um mistério. Você é um enigma que adorarei decifrar.
-Não sei do que está falando. _Elen se levantou e deu as costas para Antillio, em direção porta do aposento.
-Você é boa com as palavras, mas não tão boa assim quando está acuada. Mesmo assim, peço que não se preocupe... Eu sou ótimo em guardar segredos.
Elen apenas bateu a porta e seguiu pelo corredor da mansão, até ser auxiliada por um guarda que a levou até a saída. A agonia e a preocupação tomavam conta de seu íntimo e transbordavam em seu semblante, enquanto cortava as ruas sinuosas do Condado de Attasia, rumo à estalagem. Mesmo assustada, se apressou, pois tinha uma apresentação na estalagem das sete velas.
ATO 13- O SEGUNDO CONSELHO
Corredor que leva a sala do conselho
Como solicitado por Arcadio, todos os membros do conselho estavam lá, no inicio daquela noite. Antillio se atrasou um pouco, pois estava “secretamente” com Elen há minutos atrás. Arcadio não perdeu tempo e apresentou suas propostas para lidarem com a situação crítica do condado. Já havia excedido o limite de tolerância para o tesoureiro chegar, e mais uma vez, nada. Este seria o segundo mês sem uma resposta da capital. Arcadio sugeriu que mais eventos fossem criados futuramente (jogos que entretecem o povo no anfiteatro) e, também, sugeriu que cobrassem apenas metade dos impostos esse mês. Temístio se preocupou, pois isso mexeria nas finanças da capital, mas Galbro viu como um jeito de fazer com que a capital respondesse as mensagens enviadas.
Arcadio também informou que faria um discurso amanhã no anfiteatro, falando sobre os jogos, sobre os impostos reduzidos a metade, e se desculpando pelo incidente com os tributos. O filho do Conde pagou por pães e por retentores para que pudessem distribuí-los para os que forem assistir a peça teatral de Bartolo.
No fim de tudo, o conselho concordou com as ideias de Arcadio, mas pediram que Arcadio informasse seu pai sobre as decisões tomadas. O Conde Valenso não tolera decisões tomadas pelo conselho enquanto ele estiver na cidade. Isso assustava Arcadio um pouco, que planejou informar ao seu pai no dia seguinte, após a apresentação de amanhã. Temístio, apesar de tudo, se mostrou extremamente desconfortável em cobrar apenas a metade dos impostos este m~es. Certamente o Conde não iria gostar nada diss.
ATO 14- NOITE NA 'SETE VELAS'
Bartolo e Arcadio sentavam-se em uma mesa para aguardar a apresentação de Elen naquela noite. Zafar chegou e juntou-se a eles. A estalagem estava cheia, de fato, o estalajadeiro anunciou constantemente a contratação de sua nova dançarina para os seus clientes. Balthus e Akuji estavam em uma das muitas mesas ocupadas pela taverna. Tentando esconder ao máximo seu semblante de preocupação, Elen ganhou todos os olhos daquela estalagem, enquanto dançava ao som dos instrumentos dos menestréis, com a flexibilidade corporal de uma serpente. Todos os homens do local permaneceram em silêncio enquanto a bela mulher dançava por entre as mesas. Ao fim da apresentação, os aplausos vieram quase que instantaneamente.
A fim de preservar sua imagem casta, Elen sentou-se a mesa de Arcadio, para ficar próxima do sacerdote Bartolo. Bartolo se felicitou com o que viu e permitiu que a dança de Elen abrisse as apresentações do dia seguinte. Zafar, percebendo Akuji e Balthus, juntou-se aos dois mais uma vez para uma agradável conversa. Essa conversa durou até que Galbro entrasse na estalagem. O comandante caçou o homem de pele negra com os olhos e seguiu na direção da mesa, juntando-se a eles (de fato, como Tarasco havia dito, Galbro os encontraria naquela noite).
Galbro disse aos dois guerreiros ter ouvido muitos elogios, por Tarasco. E questionou aos dois sobre a oferta de aliança, feita por Balthus no posto militar mais cedo. Akuji ainda não estava bem com a ideia, portanto, teriam que pensar um pouco sobre isso. Galbro riu, e disse convictamente, que eles seriam escravizados ou presos em qualquer reino do sul, ou em qualquer cidade da própria Zíngara, com a exceção de Attasia: “Nós precisamos de força militar, e vocês precisam de estadia. Acreditem, não serão bem aceitos assim em nenhum lugar do sul que eu já tenha ouvido falar. Mas, se querem tentar a sorte e deixar os muros de Attasia, não temos nada contra vocês.”.
Balthus ainda estava reticente, portanto, Galbro os ofereceu um dia como aspirantes. Se, mesmo assim quisessem partir, estariam livres. Os termos foram aceitos, Balthus e Akuji atuariam no dia seguinte sobre as Montanhas de Hispan. Após o acordo ser selado, conversaram sobre muitas coisas, inclusive, o terror dos Pictos. Arcadio se juntou a mesa, deixando Elen a sós com Bartolo, em uma conversa agradável. Galbro partiu cedo, pois teria que fazer a vigia noturna nas montanhas junto a mais três homens (incluindo o próprio Tarasco). O resto do grupo se dispersou com o tempo. Antes que iniciasse a madrugada, todos estavam em suas respectivas camas.
Dia 11 de Krinisa (Mês 08 ; Mês do Raio) de 1163
ATO 15- AS PANTERAS NOTURNAS
Arcadio acordou no meio da madrugada com o som de coisas rolando no telhado da mansão. Ele se levantou, mas nada encontrou na escuridão. Da sacada, tudo que pôde ver foi o condado sob o véu da noite. Logo após, ele se entregou ao sono novamente, acreditando que o que ouviu fazia parte de seu sonho... Ledo engano.
Naquela manhã, Arcadio é acordado por Temístio, que o diz para descer (Zafar já havia sido acordado mais cedo por soldados). Todos se reúnem embaixo da sacada sustentada por pilares, que dá para o jardim na parte oeste da mansão. Lá, os soldados aglomeraram três cabeças escalpeladas no chão, encontradas nos telhados e sacadas do terceiro andar da mansão (uma delas é de Tarasco). Fica claro para o filho do Conde, que Pictos assassinaram os patrulheiros das montanhas, e jogaram suas cabeças lá de cima, no topo da mansão. Mas, e Galbro? Sua cabeça não estava lá... Arcadio se preocupa com o comandante, e ordena que Zafar reúna os aspirantes com a patrulha da alvorada.
Jardim da Mansão
Enquanto Arcadio se preparava para o discurso que faria antes de iniciar a peça teatral, como solicitado, Zafar busca pela patrulha e pelos aspirantes, que já estavam preparados na porta da estalagem. As armas de Akuji e Balthus são devolvidas, e todos seguem para os portões principais de Attasia (Akuji, Zafar, Balthus e Gasparo). Subiram as montanhas pela trilha conhecida por Gasparo, a fim de encontrar uma patrulha de 4 homens lá em cima, que já estavam na busca pelos corpos desde cedo.
Os novatos ganharam destaque na investigação sobre as montanhas. Balthus auxiliou o recém-nomeado comandante, Floriano, e liderar as buscas, e Akuji se mostrou um excelente rastreador. Zafar encontrou os rastros de briga, bem como sangue no chão e em algumas rochas. Mas fora Akuji que, de fato, encontrou os corpos decapitados. Empilhados em uma espécie de desova, entre duas rochas próximas da trilha. Nem sinal de Galbro, ou rastros que indicassem o seu paradeiro. Akuji, mesmo sendo um exímio rastreador, se confundia com os inúmeros rastros que encontrava nas trilhas e nas rochas. Isso o levou a crer que os Pictos vagam pelas montanhas há muito tempo. Balthus sugeriu a Floriano um reforço na patrulha das montanhas, no entanto, o atual comandante só conseguia pensar em dar um enterro digno para o que sobrou dos corpos de seus companheiros.
Todos os patrulheiros começaram a descer com os corpos, seguindo pelo portão da ala militar, para não alarmar o povo da primeira ala.
ATO 16- PÃO E CIRCO
Tensão definia o clima do anfiteatro. O lugar estava lotado, e todos estavam calados apenas aguardando. Arcadio, assim como Bartolo e todo elenco da peça estavam atrás das pilastras que antecediam a área onde ocorreria a apresentação. Arcadio se concentrava para seu discurso, quando Bartolo anunciou ao jovem que um pequeno grupo de insatisfeitos se manifestavam do lado de fora do anfiteatro. Os pães de Adolphus chegaram, e, quando isso foi informado a Arcadio por um guarda, o filho do Conde finalmente mostrou sua face para todos os presentes, sentados impacientemente nas arquibancadas.
Arcadio não tardou em iniciar seu discurso, anunciando não só os jogos que teriam inicio no mês que vem, como a redução dos impostos a metade (mesmo sem o consentimento de seu pai). Não foram todos os satisfeitos,mas a maioria esmagadora do anfiteatro aplaudiu a decisão tomada por Arcadio ao fim do discurso, o que contrastou com a leve massa de indignados que amaldiçoavam o nome da família Valenso, além dos muros do anfiteatro.
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